História inspiradora 1
Keitiane, vulgo: Pandora, tem 32 anos, é solteira, artesã, negra, lésbica, presa na Unidade Prisional de Ressocialização Feminina de São Luís-MA pelo crime de homicídio qualificado, condenada em 21 anos, 10 meses e 15 dias. Ex-moradora do aterro sanitário, “lixão” da cidade de São Luís-MA, mãe de 3 crianças e ex profissional do sexo, chega no projeto incubado pelo Instituto Humanitas360 após avaliação da Comissão Técnica de Classifica da Unidade Prisional, sendo candidata à integrar a Cooperativa Social Cuxá. Após período de acolhimento e treinamento, Keitiane passou a integrar a Cooperativa exercendo atividades como membro do Conselho de Administração. Ela não sabia costurar ou trabalhar em equipe, mas com o projeto, mudou sua vida adquirindo um ofício profissional e esperança, além de renda e desenvolvimento pessoal. Como ela mesmo relata: “Antes eu não tinha muito ânimo para trabalhar, porque pensava que era só mais uma promessa. Então, preferia ficar dentro do xadrez. Quando consegui fazer minha primeira bolsa, pecinha por pecinha, me senti muito emocionada”. Ela representa as mazelas sociais que atingem milhares de mulheres privadas de liberdade, especialmente o racismo estrutural e pobreza. Hoje, Keitiane é exemplo para as demais e para sociedade sobre a emancipação do ser, quando da oportunidade e esperança com qualificação e empreendedorismo social.
História inspiradora 2
Alene tem 31 anos, é egressa do sistema prisional e faz parte da Cooperativa Cuxá. Progredido para o regime aberto e com o apoio do Humanitas360, teve a oportunidade de participar em feiras e eventos para apresentar e comercializar os produtos da Cooperativa Cuxá e demais produtos do Negócio Social Tereza. Desde a abertura da Loja e Oficina Tereza, em maio de 2023, Alene trabalha no espaço desenvolvendo, na prática, competências de atendimento a clientes, habilidades administrativas e outros aspectos de gestão de um comércio. Além dessa importante vivência, ela tem tido acesso a cursos de capacitação em Informática e Empreendedorismo. Também por meio do Humanitas360, ela conta com o apoio de uma Assistente Social, acompanhamento psicólogico e jurídico. Em suas atividades profissionais diárias, Alene tem acompanhamento da equipe do Humanitas360 e do Negócio Social Tereza, de modo a incentivá-la em sua evolução, ajudar no esclarecimento de dúvidas e garantir motivação e engajamento contínuos. Alene relata estar muito feliz com as oportunidades às quais têm tido acesso, percebendo-as como parte importante da sua retomada da vida em liberdade e evolução pessoal e profissional. Para ela, a vida não poderia ter lhe dado um caminho melhor para seu recomeço após o cárcere. Em feira recente, da qual participou comercializando produtos pela Oficina e Loja Tereza (incluindo os feitos pela Cooperativa Cuxá), Alene teve a oportunidade de conhecer e apresentar o trabalho para Luiza Brunet, uma das madrinhas do evento. Uma foto das duas juntas foi incluída na seção “Registro Fotográfico” do presente relatório. Na foto anexada junto à “História Inspiradora”, Alene (à esquerda, de rosa) posa junto aos produtos (bolsas bordadas produzidas pela Cooperativa Cuxá, da qual é cooperada).
História inspiradora 3
Deilândia está na Cooperatva Social Cuxá desde o início das atividades da cooperativa. Atualmente, ela atua como coordenadora no grupo de bordado da Cooperativa, apoiando o processo de capacitação de novas cooperadas e acompanhando a produção. Na Assembléia Extraordinária da Cuxá, realizada em Agosto, ela foi eleita como nova Presidente da Cooperativa. Sua mini biografia será uma das novas histórias a figurar nas etiquetas que acompanham os produtos comercializados pelo Negócio Social Tereza, conforme abaixo: “Tenho 26 anos de idade e me encontro privada de liberdade desde 2016. Cresci em Parauapebas, no Pará, e tive uma boa infância graças à minha mãe, que cuidava de mim e dos meus irmãos com muito amor, apesar de meu pai ter nos deixado quando eu tinha 5 anos. Estudei até a oitava série, e aos 13 anos engravidei e me casei. Tive mais 3 filhos e acabei me separando. Meu ex-marido ficou com nossa filha mais velha, que era criada pela mãe dele. Numa das minhas visitas à menina, percebi vários hematomas em seu corpo. Infelizmente, pouco tempo depois ela caiu de uma janela em casa e faleceu. O exame revelou que ela vinha sofrendo vários tipos de violência, e eu acabei sendo responsabilizada. Hoje, na cooperativa criada pelo Instituto Humanitas360 no Maranhão e apoiada pela Tereza, não me sinto presa. Temos apoio espiritual e assistência social. Amo bordar, e quando sair vou continuar praticando tudo que eu aprendi na cooperativa. Tenho orgulho de ensinar outras mulheres a bordar e de ter sido eleita presidente da cooperativa, pois acredito muito no que fazemos”.
História inspiradora 4
Flavia é colaboradora do Humanitas360 no escritório de São Paulo e, dentre suas atividades, faz parte do time multidisciplinar que apoia diretamente participantes dos programas do Instituto. Flavia é a profissional que faz contatos diários com as egressas que hoje trabalham na Oficina e Loja Tereza em São Luís, projeto apoiado pelo Instituto Phi. Nessa frente, ela desenvolve um trabalho de motivação e apoio para desenvolvimento pessoal e profissional dessas mulheres na readaptação à vida fora do cárcere. Seu papel é essencial, pois ela mesma é uma mulher egressa do sistema prisional. Foi participante da primeira cooperativa incubada pelo H360 (à época no cumprimento de pena em regime fechado), em Tremembé II – SP e agora, em regime aberto, atua profissionalmente nos projetos do Instituto. Hoje Flavia, uma mulher livre, utiliza seu conhecimento, história e habilidades para apoiar e inspirar outras mulheres. “Fiquei presa por mais de 10 anos por tráfico de drogas. Sou filha do José, ajudante geral, e da Maria, dona de casa. Quando jovem eu não curtia baladas, estudava muito e cheguei a fazer curso de datilografia. Aos 15 anos, conheci o único amor da minha vida, engravidei e fui mãe aos 16. Um ano depois, fiquei viúva, com um bebê para criar e uma “herança do crime”, já que passei a administrar os “negócios” do meu grande amor. Nos anos seguintes, sofri e fiz minha família sofrer. Uma história de amor com uma herança maldita. Mas amadureci muito na cadeia e me transformei. A oportunidade de integrar a cooperativa criada pelo Humanitas360 na Penitenciária Feminina de Tremembé II apareceu quando eu estava esquecida por todos. O projeto mudou meus pensamentos. Hoje livre, estou me reintegrando à sociedade longe do crime. Faço o curso de Direito na UNICID com 50% de bolsa graças à minha boa avaliação no Enem. Sou uma mulher guerreira que, graças ao H360 e à Tereza, tirou algo de bom de uma situação muito ruim.”